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PORQUE FALAR SOBRE DIREITO À CIDADE NO RECIFE?

 

     Recife é uma cidade marcada por contradições. Construída em cima do mangue, sua história é marcada por iniciativas que visam atender os interesses de uma minoria privilegiada, mesmo quando esses objetivos implicam no flagelo de trabalhadores e de comunidades que sempre dependeram e tiraram desse ecossistema o seu sustento para (sub)existir. Muitas vezes, esses grupos sociais menos favorecidos não aceitaram de forma passiva essas desapropriações e reivindicaram o direito à cidade. 

     Nos anos 90, surge o Movimento Mangue Beat como um expoente de luta contra as desigualdades sociais usando como principal instrumento de luta a arte. Desse movimento, surgiram bandas com Chico Science e Nação Zumbi, e Mundo Livre S.A que disseminaram a cultura mangue por outros lugares além de Recife. A partir da música, da poesia e da arte de forma geral, Recife começou a ser uma cidade símbolo tanto de contradições sociais como de estratégias de resistências. 

     Recentemente nossa cidade se tornou palco de uma série de transformações que acabaram por acentuar tais disparidades. A construção de grandes empreendimentos imobiliários atingiu de forma violenta o patrimônio histórico da cidade e provocou um esvaziamento dos espaços coletivos, contribuindo para a precarização da identidade histórica e coletiva, além de modificar drasticamente o clima da região. 

     Com o esvaziamento dos espaços públicos, áreas antes destinadas ao convívio coletivo são progressivamente substituídas por um simulacro de tais espaços, numa configuração que serve ao capital, construindo uma ilusão de segurança e higienização que reforça o controle disciplinar sobre os corpos. Dessa forma, as pessoas deixam de se encontrar e ocupar a cidade devido ao medo de circular em espaços despovoados. Tal temor transforma a vida em comunidade em vivências cada vez mais individualistas e solitárias. Essas vivências individualizantes desfavorecem o contato com nossa ancestralidade, nos desenraizando da cultura popular e limitando nosso potencial criativo, contribuindo para corpos cada vez menos espontâneos.

Ocorre, então, um enrijecimento e uma mortificação da capacidade criadora e transformadora inerente à mente humana.

 

"O HOMEM COLETIVO SENTE A NECESSIDADE DE LUTAR"

 

     Como indicado na nossa Carta de Princípios, prezamos pelo respeito aos corpos, a autonomia dos indivíduos e buscamos criar nesse cenário adoecedor, espaços que fomentem a saúde, reflexão crítica e a ocupação dos nossos lugares de direito.

A SEDE

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